quinta-feira, 15 de novembro de 2007

Desenvolvimento embrionário dos ouriços-do-mar

Nos ouriços-do-mar, a fecundação é externa, sendo os gâmetas lançados para a água do mar. Os espermatozóides são atraídos para as proximidades dos gâmetas femininos, através de substâncias químicas lançadas por estes na água do mar.
Para efetuar a fecundação em laboratório, deve-se acrescentar 1 a 2 ml da solução de esperma ao recipiente que contém os óvulos e esperar aproximadamente 5 minutos, até ocorrer a elevação da membrana de fecundação. Os espermatozóides que, quando concentrados se encontram imóveis, após a suspensão em água do mar tornam-se intensamente activos. A introdução de uma grande quantidade de espermatozóides deve ser evitada para que não ocorra a poliespermia.
O óvulo (Fig. A), que tem aproximadamente 0,1 mm de diâmetro, possui uma membrana vitelina que envolve a membrana plasmática. A fecundação desencadeia um processo na região cortical do óvulo que faz com que a membrana vitelina se separa da plasmática (Fig. B).
Após esse processo, a membrana vitelina passa a ser denomominada por membrana de fecundação.
Após a fecundação, o ovo divide-se inúmeras vezes (Figs D-H), até
atingir o estado de blástula (Fig. I). A velocidade do desenvolvimento depende da temperatura. A blástula é o estado anterior à gastrulação e posterior à mórula (uma bola maciça de células com aspecto de uma amora (Fig H)). A blástula é uma esfera oca onde a camada de células denominada blastoderma envolve a blastocela (cavidade).

Figuras A-I. Desenvolvimento embrionário do ouriço do mar Lytechinus variegatus. A. óvulo; B. ovo fecundado; C. Início da primeira clivagem; D. estado de 2 células; E - F. estado de 4 células; G. estado de 8 células; H. estado de mórula; I. blástula.

O ritmo das clivagens sucessivas do ovo, depende da quantidade de substância de reserva. Uma célula multiplica-se tanto mais rápido quanto maior for a sua quantidade de vitelo. Os ouriços têm ovos classificados como oligolécitos, isto é, pobres em vitelo. Durante a segmentação ocorrem sulcos de clivagens meridianais e longitudinais (determina os grupos de blastómeros verticais e horizontais, respectivamente).
A segmentação é igual e radial para as três primeiras clivagens. A primeira divisão celular, que ocorre cerca de 20 a 30 minutos após a fecundação (25° C), separa o ovo em dois blastómeros. Após 45 minutos, o segundo plano de segmentação promove a formação de 4 blastómeros; o terceiro, perpendicular ao eixo do ovo, dá origem a 8 células, divididas em duas camadas, sendo a superior denominada de polo animal e a inferior, de polo vegetativo.


Figura J. Estágio de gástrula


Figura L. Larva pluteus

Durante o estado de blástula, o embrião adquire cílios, passando a ter movimentos de rotação dentro da membrana de fecundação. Em seguida essa membrana rompe-se, libertando o embrião, que passa a nadar livremente. O processo de gastrulação inicia-se, através da invaginação da região do polo vegetal, formando o arquêntero (intestino primitivo). Lateralmente ao arquentero, formam-se espículas trirradiais que irão dar origem ao esqueleto da larva pluteus. A larva pluteos nada e alimenta-se através de cílios.

sábado, 10 de novembro de 2007

A infertilidade

O que é a infertilidade?

Infertilidade é uma doença dos órgãos reprodutivos de homens e mulheres que compromete uma das funções mais básicas do corpo – a capacidade de ter filhos.
A infertilidade é também uma incapacidade temporária ou permanente em conceber um filho e em levar a termo uma gravidez até ao parto. É um problema comum que ataca homens e mulheres, proveniente de motivos internos ou de contributos inconscientes do ser humano.Considera-se que existe um problema de infertilidade quando o casal tem relações sexuais, regularmente sem utilizar contracepção durante o período de 1-2 anos, sem que ocorra uma gravidez. No entanto, isso não significa que ela não possa ocorrer naturalmente após esse período ou recorrendo a técnicas específicas, uma vez que a infertilidade total, ou esterilidade, é uma situação rara.


Tipos de infertilidade?

Pode-se classificar dois tipos de infertilidade:

• Infertilidade primária – incapacidade fisiológica de uma primeira gravidez
• Infertilidade secundária – incapacidade fisiológica de uma segunda ou mais gravidezes.

Em Portugal recomenda-se que o casal procure ajuda especializada, se não tiver havido gravidez:

• Ao fim de 2 anos;
• Ao fim de 1 ano, se a mulher tiver mais de 30 anos.

Condições que afectam a fertilidade

São várias as situações e factores que impedem que se inicie uma gravidez ou que ela se desenvolva até ao final: doenças, medicamentos, drogas, hereditariedade, estilos de vida e até exposição a certos elementos tóxicos, podem afectar a fertilidade.

No caso da mulher

Endometriose Esta situação afecta a cavidade pélvica da mulher, consistindo no crescimento desordenado de fragmentos de tecido do endométrio (a camada de tecido que reveste o útero) em várias zonas da referida cavidade pélvica. Estas pequenas porções de tecido uterino, não podendo ser eliminadas pela menstruação, podem causar, por cicatrização, deformações nos ovários e nas trompas de Falópio. Estas zonas de tecido deformado pelo processo de cicatrização impedem a progressão normal do óvulo por fecundar ou mesmo já fecundado. Em alguns casos pode-se fazer a correcção cirúrgica desta situação, ou fazer um tratamento com medicamentos.
Infecções pélvicas – Umas das principais causas de infertilidade na mulher são as doenças sexualmente transmissíveis, particularmente a gonorreia e a chlamydia. Se não forem tratadas, e muitas das mulheres infectadas não têm sintomas e não se tratam, podem provocar alterações por infecção ou cicatrização das trompas de Falópio.
Doença inflamatória pélvica – É uma infecção no aparelho reprodutivo feminino que pode envolver as trompas, os ovários e o útero. Pode ser causada por doenças sexualmente transmissíveis, mas também pode ocorrer após um aborto, dilatação, raspagem uterina, cirurgia, parto e até em algumas situações raras de uso do D.I.U. Esta doença pode levar á infertilidade na mulher.
Desiquilíbrios hormonais – Se as hormonas femininas não transmitirem os seus sinais químicos no momento exacto, podem ocorrer ovulações e períodos irregulares, ou mesmo falta de ovulação. Estes desequilíbrios são também uma das grandes causas de infertilidade. No entanto, este problema pode ser resolvido com a medicação apropriada.
Álcool – Na grávida, ou na futura grávida, o consumo de álcool aumenta o risco de abortamento e pode até lesar o óvulo, impedindo a sua fecundação.
Tabaco – As mulheres que fumam têm maior dificuldade em engravidar e maiores taxas de abortos espontâneos.
Ansiedade – Muitas vezes, a dificuldade em engravidar, é apenas uma consequência da ansiedade em relação ao facto de vir a conseguir, ou não, ter filhos. Muitas casais que já desistiram da ideia, acabam por conseguir uma gravidez só pelo facto de terem aliviado a tensão psicológica existente acerca do assunto.
Lubrificantes vaginais Certos cremes e geles vaginais utilizados como lubrificantes durante as relações sexuais podem interferir com a mobilidade dos espermatozóides e, em certos casos, impedir a fecundação.
No caso do homem
Infecções pélvicas – Umas das principais causas de infertilidade, no caso do homem são as doenças sexualmente transmissíveis podem levar à lesão dos canais ejaculatórios e outras estruturas reprodutivas.
Varicocelo – É uma causa muito comum de infertilidade nos homens (20 a 40% dos casos). Consiste na existência de varizes nas veias de um ou dos dois testículos. Esta situação faz com que a temperatura nos testículos aumente, danificando o esperma. Pode ser facilmente corrigida por cirurgia.
Prostatite – Também frequentemente causadora de infertilidade masculina, consiste numa infecção da próstata. Pode não causar quaisquer sintomas, mas é diagnosticada por exames médicos e laboratoriais, e tratada com antibióticos.
Tabaco – O tabaco diminui a fertilidade do esperma.
Drogas – A marijuana e a cocaína reduzem drasticamente o número e mobilidade dos espermatozóides, e aumentam a quantidade de espermatozóides anormais.
Calor – A exposição prolongada ao calor (sol, saunas, etc.) eleva a temperatura escrotal (a bolsa dos testículos), e afecta negativamente a qualidade do esperma.

O que fazer?
Caso um casal esteja a tentar ter filhos e não consiga, é aconselhável que procure ajuda médica ao fim de dois anos, se a mulher tiver menos de 30 anos, e ao fim de um ano se ela já tiver ultrapassado essa idade. Existem actualmente diversas técnicas disponíveis para o tratamento da infertilidade que possibilitam que casais com situações de infertilidade possam ter filhos. No entanto, o primeiro passo a dar é proceder a exames, de modo a determinar as causas desse problemaPoderá aconselhar-se com o seu médico de família que lhe pedirá os testes iniciais e fará uma primeira análise da situação. Caso se verifique haver problemas ou seja difícil encontrar a causa da infertilidade, será então procurada a ajuda de um especialista.


Testes

A melhor altura para visitar o médico de infertilidade é durante os primeiros dias do ciclo menstrual. Deve levar todos os exames médicos que já tenham sido feitos em relação à pesquisa de infertilidade, bem como os registos de temperaturas basais que eventualmente tenha feito. Conforme a situação, serão pedidos alguns testes que podem incluir:

No caso da mulher
Ecografias – A fim de avaliar a integridade anatómica do útero e seu interior, dos ovários, e averiguar da existência de tumores ou de aderências e tecidos cicatriciais anormais.
Exames radiológicos – Sobretudo utilizados para avaliar se existem anomalias anatómicas ou obstruções a nível do útero e das trompas.
Ovulação – O Fetilfacil é um sistema microscópico que utiliza a saliva para determinar em que fase se encontra a ovulação. Basta recolher uma gota de saliva, colocá-la no vidro do aparelho e deixar secar durante 15 minutos. Se aparecerem uns pontinhos e umas bolinhas, a mulher não está em período fértil. Se surgirem poucos desenhos em forma de folhas de palmeiras, está numa fase pouco fértil. Se as folhas das palmeiras forem em número mais elevado, está num período fértil. O aparelho assemelha-se a um baton e pode ser transportado de forma discreta na mala. Sem contra-indicações, o Fetilfacil está disponível nas farmácias quatro horas após o pedido e tem um preço recomendado de 69 euros. Além de indicar o período fértil, o que permite saber qual é a altura ideal para engravidar. Não serve para contracepção, uma vez que uma relação nos 3 dias anteriores à ovulação (em que o teste será negativo) pode levar a uma gravidez.
Teste do muco cervical – Consiste na simples recolha e observação de uma pequena porção de muco que deve ser feita no dia do ciclo em que o muco esteja mais receptivo ao esperma. Pode incluir um teste "pós coito" (teste de Hunner), feito nas duas horas após ter tido relações sexuais, a fim de se avaliar como se comportam os espermatozóides no muco cervical, uma vez que pode haver demasiada espessura do muco ou até incompatibilidade química com o esperma.

No caso do homem

Espermograma – Consiste na recolha do esperma do parceiro (por masturbação), a fim de serem avaliados vários parâmetros tais como a quantidade de espermatozóides, mobilidade, formas anormais e infecções.
Testes hormonais – O homem deverá ser testado em relação às suas hormonas sexuais.

Em ambos os parceiros

Análise ao sangue – De ambos os parceiros, pesquisando factores como contagem de glóbulos, colesterol, SIDA, Hepatite e funcionamento de certos órgãos como a tiróide.
Testes hormonais – A sua finalidade é saber se a mulher produz níveis normais das várias hormonas implicadas na gravidez e gestação, e se o "timing" da sua produção é adequado. O parceiro também deverá ser testado em relação às suas hormonas sexuais.

Tratamentos

Passamos a indicar alguns dos mais comuns tratamentos para revelarem a existência da infertilidade:

Medicamentos que aumentam a fertilidade – Existem várias drogas que estimulam a ovulação nas mulheres, que podem ser ministradas em função do estudo hormonal previamente feito. Também em relação ao homem existem medicamentos capazes de melhorar grandemente a fertilidade do esperma. Em relação ao muco está disponíveis várias drogas que melhoram a sua afinidade para com o esperma.
Cirurgia – Mediante técnicas extremamente delicadas é possível, em certos casos, reparar as trompas obstruídas, bem como os canais espermáticos. Uma técnica mais simples permite tratar o Varicocelo. Outra técnica cirúrgica chamada laparoscopia (que consiste na introdução de um fino tubo com um sistema óptico através de uma pequena incisão no abdómen) pode ser utilizada para remover aderências causadas por Endometriose ou infecções, e mesmo alargar as trompas.
Inseminação intra-uterina – Para aumentar a probabilidade de haver uma gravidez, utilizam-se inicialmente determinados medicamentos que vão estimular a libertação de vários óvulos ao mesmo tempo; o esperma previamente recolhido e concentrado é então colocado no útero com o auxílio de um tubo especial. Este tratamento é muito utilizado em casais com infertilidade "inexplicada", em mulheres com problemas de ovulação, incompatibilida de do muco, ou com anticorpos que atacam o esperma do parceiro e assim impedem a fecundação.
Doação de esperma - No caso de haver inexistência ou muito pequena quantidade de espermatozóides activos, o casal poderá considerar a fecundação por esperma de um dador. Como é óbvio, neste caso o parceiro não será o pai biológico da eventual futura criança.
Técnicas de reprodução assistida - Existem vários métodos de execução destas intervenções de alta tecnologia, em que os óvulos e o esperma são artificialmente combinados de forma a maximizar as possibilidades de haver uma gravidez bem sucedida. Todas elas envolvem dois passos, começando com a toma por parte da mulher de drogas que estimulam os ovários a produzir vários óvulos em simultâneo (super ovulação), seguida da sua recolha sob anestesia.
Um dos métodos mais conhecidos é a fertilização in-vitro, Os óvulos obtidos por aspiração vaginal guiada por ultra sons são fertilizados pelo esperma do parceiro numa placa de vidro. Alguns dias depois, os ovos, agora chamados zigotos, são colocados no útero materno. Se um ou mais se implantarem com sucesso, resulta daí uma gravidez (por vezes com mais de um bebé)As variações desta técnica consistem na introdução nas trompas dos óvulos e do esperma previamente recolhidos, permitindo que a fertilização (caso ocorra) siga um processo mais natural.